Artigos de Saúde
por Mauro Mazzutti
Dor de cabeça ou enxaqueca?
As dores de cabeça são um martírio para muita gente. Não estou falando daquelas dores de cabeça que experimentamos após uma bebedeira, típicas da desidratação provocada pelo álcool. Refiro-me àquelas que praticamente derrubam a pessoa na cama. Náuseas, enjoos, sensibilidade à luz e ao som, dor aguda e pulsátil em apenas um lado da cabeça por longos períodos são alguns dos sintomas. Quem sofre esse tipo de crise algumas vezes por mês, é sério candidato a ter enxaqueca, e não apenas dor de cabeça, que é um distúrbio bem mais ocasional.
A enxaqueca é mais comum nas mulheres, pode atingir 10% dos homens e não é rara em crianças. Essa doença é predominante na faixa etária de 25 a 45 anos. As causas da enxaqueca não estão bem definidas pela ciência, mas sabe-se que tem íntima relação com a genética e com algumas substâncias liberadas no cérebro, que causam dor e dilatação dos vasos cerebrais. Normalmente, as crises acontecem devido a um gatilho que dispara o início dos sintomas: estresse, jejum prolongado, dormir menos ou mais do que o costume, perfumes e odores muito fortes, esforço físico, luzes e sons intensos, e abuso de medicamentos analgésicos. Mudanças hormonais também podem desencadear uma crise, e é por isso que as mulheres são as mais atingidas especialmente nos períodos próximos à menstruação. Ingerir certos alimentos, como queijos fortes, embutidos, carnes processadas – salsicha, presunto, bacon, hambúrgueres –, frituras e gorduras em excesso, chocolate, café, refrigerante à base de cola e bebidas alcoólicas também pode significar problemas para quem sofre de enxaqueca.
O diagnóstico da enxaqueca é feito através do histórico clínico do paciente, ou seja, baseado no quadro de sinais e sintomas que apresenta. Não existem exames específicos; porém, quando a cefaleia (dor de cabeça) começa de forma súbita e intermitente, o médico poderá requisitar exames de imagem para excluir a possibilidade de outras doenças.
O tratamento da enxaqueca envolve ações comportamentais e medicamentosas. A primeira delas diz respeito ao paciente, que deve se manter longe dos gatilhos que disparam os sintomas. Além disso, todas as informações sobre a crise devem ser anotadas em um diário: como e quando surgiram, intensidade e localização da dor, alimentos e bebidas ingeridas. Essas informações auxiliam o paciente a identificar a crise e, com isso, evitá-la. Na questão medicamentosa existem dois tratamentos: um para a fase aguda, que age na hora da crise, aliviando ou interrompendo a dor, e o preventivo, que evita o aparecimento da enxaqueca através de uma combinação de medicamentos de uso diário. Lembro ainda que tomar analgésicos de forma indiscriminada, ao invés de ajudar, pode desenvolver crises de cefaleia.
Quem sofre com as dores de cabeça e ainda não procurou atendimento, consulte o médico o quanto antes. Saber lidar ou até eliminar as crises de cefaleia, pode ser mais simples do que se imagina. Abraços, Mauro.